Anschluß ou Anschluss é uma palavra do idioma alemão que significa conexão ou
anexação. É utilizada em História para referir-se à anexação político-militar da Áustria por parte da Alemanha nazista em
1938. Este termo é o oposto à palavra Ausschluß, que caracteriza a exclusão de Áustria no Reino da Prússia.
No tratado de Saint-Germain-en-Laye de 1919, que pôs fim ao Império Austro-Húngaro, o artigo 88 estipulava
expressamente que a união de Áustria com Alemanha ficava proibida.
Como se sabe, a Áustria, na tradição do Império Austro-Húngaro, era uma nação multi-étnica e multicultural.
Em Viena e nas principais cidades austríacas viviam pessoas que falavam línguas diversas (alemão, húngaro, tcheco, iídiche
etc.) e praticavam as mais diferentes religiões (católicos, luteranos, judeus, cristãos ortodoxos). O imperador austríaco
tinha sido a figura política que tinha dado coesão à sociedade multicultural do Império Austro-Húngaro. Esse papel centralizador
não tinha então um correspondente na nova sociedade austríaca. Muitas famílias judaicas, por exemplo, recordavam com saudade
esses tempos idos. A nova sociedade austríaca vivia sob o signo do anti-semitismo e das dificuldades da coexistência multi-cultural.
Muitos austríacos, aqueles que eram católicos e de origem germânica (como Adolf Hitler) aspiravam a uma nação livre destas
outras etnias, que eles desdenhavam. Aos olhos de Hitler, o ideal a seguir era o do pan-germanismo: uma nação com uma só língua
e etnia.
A 13 de setembro de 1931, a milícia dos cristãos-socialistas tenta em vão tomar o poder na Áustria
pelas armas.
Depois da vitória nas eleições de abril de 1932, os nazistas não obtêm a maioria absoluta, o que os
enfrenta à oposição. Os nazistas austríacos lançam-se a uma estratégia de tensão e recorrem ao terrorismo. O chanceler cristão-socialista
Engelbert Dollfuss escolhe em 1933 governar por decreto, dissolve o parlamento, o partido comunista, o partido nacional-socialista
e a poderosa milícia social-democrata, a Schutzbund. Seu regime toma uma tintura fascista com uma preferência para Benito
Mussolini. Dollfuss reprime aos social-democratas que não querem deixar morrer a democracia, seja pela mão de Dollfuss ou
a dos nazistas.
A dura repressão da polícia depois de uma insurreição em Linz em fevereiro de 1934 causou entre 1000
e 2000 mortes, os social-democratas abandonaram o combate e escolheram o exílio.
Enquanto isso os nazistas austríacos reforçaram-se e organizaram-se; preferindo um fascismo mais germânico
assassinaram o chanceler Dollfuss a 25 de junho de 1934 e exterminaram seu clã, mas seu golpe de estado é frustrado.
O novo chanceler, Kurt Schuschnigg, negocia uma trégua com Hitler em Berchtesgaden em fevereiro de
1938. O acordo é claro: entrada dos nazistas ao governo e anistia para os crimes em troca de uma não-intervenção alemã na
crise política.
O pacto não serve de nada: Schuschnigg perde o controle do país e vê como último recurso organizar
um referendo para beneficiar-se da legitimidade popular: o exército alemão entra na Áustria a 12 de março e coloca Arthur
Seyss-Inquart, o ministro do interior nazista no posto de chanceler.
A 13 de março de 1938 a Alemanha anuncia oficialmente a anexação da república austríaca e a converte
numa província do Reich. Em 10 de abril, um referendo avaliza a anexação com 99% de aprovação da população.
A França aceita a anexação de Áustria, que não voltará a ser soberana antes do final da Segunda Guerra
Mundial, depois de ter sido ocupada pelos Aliados.